Por que andas tu mal commigo?
Ó minha doce trigueira?
Quem me dera ser o trigo Que, andando, pisas na eira!
Quando entre as mais raparigas Vaes cantando entre as searas, Eu choro ao ouvir-te as cantigas
Que cantas nas noutes claras!
Os que andam na descamisa Gabam a violla tua,
Que, ás vezes, ouço na brisa Pelos serenos da lua.
E fallam com tristes vozes
Do teu amor singular Áquella casa onde cozes, Com varanda para o mar.
Por isso nada me medra, Ando curvado e sombrio!
Quem me dera ser a pedra Em que tu lavas no rio!
E andar comtigo, ó meu pomo, Exposto ás chuvas e aos soes!
E uma noute morrer como Se morrem os rouxinoes!
Morrer chorando, n'um choro Que mais as magoas consolla, Levando só o thesouro
Da nossa triste violla! Por que andas tu mal commigo?
Ó minha doce trigueira?
Quem me dera ser o trigo Que, andando, pisas na eira!